Todos a olharam espantados e ela se sentiu como um animal em uma jaula. Tentou ir embora, mas seu corpo não a obedeceu. Havia se revelado. Dito em voz alta tudo aquilo que pensava e isso não era bom. Agora aqueles que antes lhe atribuíam qualidades e acreditavam em suas próprias mentiras em relação a ela, agora não mais teriam impressões e sim palavras para digerirem e armazenarem assim como lhes fosse conveniente. Isso a incomodava.
Ela iniciara uma discussão que agora pendia para a sua crucificação já que todos resolveram expor, sem motivo nenhum, seus maiores desejos altruístas e dignos de beatificação. Ela se sentia péssima. Permaneceu o máximo possível calada. Depois disso, somente respondendo perguntas com sorrisos amarelos e obrigados, nãos, sins. Escolhera não se defender. Agora entendia uma velha frase que ouvira uma vez: "Toda unanimidade é burra".
E assim seguia se sentido mal, enojada.
Naquela noite fora constante exemplo de insensatez nas conversas alheias.