sábado, 30 de maio de 2009

Amor

Fui ao sabor do vento caminhar pelas bandas de lá. Levei meu lenço que era pra acenar pro pai na hora de embarcar. Peguei todas as roupas e mais coisas q de presente ganhei. Fui de mudança feita q era pra não fazer desfeita e pra parente invejoso não ter o falar. Não fui sozinha não porque epifania sempre tem alguém pra copiar. As moças do lado de cá disseram que eu levava lenço era pra acenar pra moço q por mim fosse passar. As moças de cá não sabem o que pensar. Peguei estrada bem cedo e com coragem, sempre em frente, esperando o q viesse pra enfrentar. Passei por muito chão e por muita cidade também. Andei sete léguas e depois cheguei. Desembarquei. Peguei minhas malas e com a certeza de um destino caminhei firme. Fui pedir informação pro senhor q estava por lá simplesmente por ocasião. Segui sua mão, cabeça erguida com a certeza q conseguira.

Andei muito, levei tombos, perdi a direção. O lenço perdi na estrada e o jeito de acenar pro pai tb. As meninas de cá já não importam mais porque de lá nem meninas tem. E epifanias não tenho mais. E a cabeça erguida já não agüenta mais .

Fui fazer história do lado de lá, como todo mundo. E em um dia ensolarado caminhei com mais vontade porque passou por mim o grande garoto de quem todos falavam. Filho do sábio e da compaixão era alma de ouro. Seu sorriso vinha na minha direção sem desvios nem desculpas. Seu olhar de vitalidade invadia o meu e me emprestava alegrias. Sua marcha me induzia a marchar tb. Seu piscar me chamou. Caminhei por seis dias e seis noites. Segui os passos do alma de ouro. Pedi um pouco de atenção com o receio do leproso. Fui buscar nos livros sapiência pra fazer pedido inusitado. Fui como cão largado olhar nos seus olhos e a sabedoria do livro me abandonou mas, como era o alma de ouro, ele me olhou nos olhos e sem dizer nada me disse tudo. No sétimo dia caminhamos juntos, lado a lado, na direção certa, andando muito, levando tombos, ora tendo epifanias ora não, de cabeça erguida e esbarrando por meninas perdidas do lado de lá. O lenço encontrei em uma de nossas caminhadas lá pelas bandas de São Tomaz e junto meu jeito de acenar pro pai.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Afim, assim, disse sim
O não não foi são, foi sim
e tudo mais o que veio a mim
não foi miragem, foi vontade
e me deixei, eu sei
me deitei
derpertei
e ainda estava alí.
A fumaça de fuligem.
Nada mais importou.
Foram alguns momentos tristes.
Esperei o seu sim
que foi mas não foi.
Que decepção!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Despedida

Pobre homem!
Viu a vida passar
num lampejo
ficou atônito.

Era a marcha
rumo ao caminho final
aquela jovem ia embora
pra sempre
pra sete palmos de terra
pra nunca mais voltar.

Ninguém percebeu.
Ninguém compareceu.
Ninguém se importou.

Ela morreu em carne
E nome.